Artista: Lorde
Data de lançamento: 16 de junho de 2017
Admito que sou parcial: sou fã da Lorde desde o Pure Heroine, e, para mim, ela é uma inspiração gigantesca. Se não fosse o seu primeiro álbum, provavelmente não seria quem sou hoje. A sua poesia sobre a adolescência fez-me sentir compreendido, coisa que na altura não era, e despertou o gosto em escrever as minhas próprias músicas.
O minimalismo de músicas como Ribs e Still Sane tornaram-nas as minhas preferidas, por isso, Green Light, o primeiro single de Melodrama foi um choque. Fiquei um pouco reticente, porque a música é extrovertida, faz dançar, e não tem nada de minimalista. No entanto, acabei por aceitar, assim como me aceitei a mim próprio; cheguei à conclusão de que assim como eu a Lorde cresceu como pessoa, está diferente. Há 4 anos o Pure Heroine definia-me: era tímido e mais reservado; agora sou representado pelo Melodrama: já vivi mais tempo, já tenho mais experiências, já me sei expressar. Agora, fico emocionado com Writer in the Dark como ficava emocionado há algum tempo com Ribs.
Melodrama resume-se a isto: a uma evolução. Em Ribs cantava assustada It feels so scary getting old, agora, num tom de aceitação, conclui o álbum com What the fuck are perfect places anyway?. Era uma adolescente, agora já adulta aceita que nada é fácil, experimentando a solidão (Liability) mas principalmente o fim de um namoro. Estas dificuladades fluem ao longo do ambiente que Melodrama cria: o de uma festa, no auge em Sober e Homemade Dynamite, e no fim, com arrependimentos e conclusões, no reprise de Liability e em Perfect Places.
Um dos grandes sucessos de Melodrama é precisamente a simultaneidade do ambiente da festa e das experiências de Lorde; por exemplo em Green Light sentimos a preparação e o início da festa, mas também o desejo de Ella de se libertar do recente fim de namoro; e consigo imaginar ouvir Supercut a sair de uma festa, no carro a olhar para as luzes, ainda com restos da adrenalina e do tumulto, mas também sinto as boas memórias da relação de Lorde.
A festa mencionada decorre suavemente em termos de sonoridade, talvez com algumas paragens sentidas com o piano de Liability e de Writer in the Dark, mas justificadas pela performance emocionante, ao contrário de Sober II (Melodrama) que quebra o bom pop de Loveless com violinos que lembram Lana del Rey mas não chega longe com o hip hop um pouco forçado que chega a meio.
No final de contas, as festas não são perfeitas, e todos temos consciência disso. Este álbum, ao assemelhar-se com uma festa, também não é perfeito, mas sabe disso. Afinal, what the fuck are perfect places anyway?
Músicas recomendadas:
- The Louvre
- Writer in the Dark
- Perfect Places
Nota: 4.3/5
Henrique eu partilho muito da sua opinião e gostei imenso do que disse acerca da Lorde, pela primeira vez consegui ler um artigo sobre ele do qual me interessasse e intrigasse, todos os anteriores pelos quais passei os olhos parecendo um pouco à quem do trabalho dela, fico-lhe muito agradecido.
ResponderEliminarsobre ela*
Eliminaragradeço imenso a sua opinião! é muito bom sentir esse reconhecimento!
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