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Guia para ouvir: Björk (parte I)

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    Acho que todos podemos concordar que Björk é uma artista única. Mesmo não conhecendo a fundo o seu trabalho, o seu nome está imediatamente relacionado com o estilo irreverente que inspira tantos mas não tem uma inspiração definida. Ela própria disse em entrevista: «I'm influenced by real life. And when people listen to my music and say "Oh, I can see great influence from this artist in there", I read that and I say "Okay, I didn't succeed". But if people listen to my music and say "Oh, this made me feel like this and that [...]", that's right.». Björk destaca-se por inventar e reinventar sempre com o seu cunho a sobressair. É pela sua originalidade que álbuns como Homogenic ou Vespertine são referenciados inúmeras vezes e considerados essenciais para qualquer amante de música; no entanto, é normal sentir um choque ao entrar na discografia de uma artista complexa como Björk, e, é então útil ter um pouco de conhecimento antes de entrar no universo da cantora islandesa.
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Debut (1993)
  
   O seu primeiro álbum é facilmente o seu álbum mais acessível e um ótimo ponto de partida para novos ouvintes. Neste álbum ouvimos a base do seu trabalho posterior: as batidas trip hop, a música eletrónica com uma sonoridade pop incorporada, as suas letras intrigantes ("If you ever get close to a human and human behaviour, be ready to get confused", como canta na canção que abre o álbum, Human Behaviour) mas, sobretudo, o desejo de experimentar. A música experimental é apenas uma amostra em Debut, em comparação com outros álbuns, mas estendendo-se do jazz à música house, pode-se dizer que já é bastante eclético; no entanto, isso nunca afasta quem ouve: a voz de Björk trata de fazer a ligação entre os diferentes sons.
 
    Para começar:
    - Human Behaviour
    - Venus as a Boy
    - Aeroplane
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Post (1995)

    Post é o segundo álbum da cantora islandesa e definitivamente uma viagem mais turbulenta: o leque de estilos ouvidos é muito mais variado. Post começa com Army of Me, uma música agressiva que não teria lugar em Debut, onde Björk experimenta o território da música industrial, assim como também faz em Enjoy; Cover Me e Headphones, que fecham o álbum, são outras duas experimentações, em que Björk se mostra mais minimalista e os sons são mais dispersos, mais difíceis de digerir. O que Post faz é mesmo isto: pega no que fez no seu primeiro álbum e leva-o ao extremo; é um álbum menos coeso, mais arriscado, o que pode deixar o ouvinte confuso. Não é, por isso, o melhor ponto de partida para entrar no universo de Björk.
  
    Para começar:
    - Army of Me
    - Hyper-Ballad
    - Possibly Maybe
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Homogenic (1997)

    Em 1997, é lançado Homogenic, considerado por muitos o melhor álbum de Björk e um ponto de viragem na sua discografia: os sons estão mais definidos, com as batidas a fundirem-se perfeitamente com os instrumentos de cordas, e menos dispersos do que em Post; as letras são mais profundas, o sentimento mais intenso (muito devido à pressão que a tour de Post e o interesse dos media na cantora). Em Homogenic, Björk deixa então os sons mais explosivos da cidade de Londres, onde começou a carreira, e volta à paz da Islândia onde nasceu. A emoção de Jóga, dedicada ao seu país e à sua melhor amiga, o som etéreo de All is Full of Love, a urgência de Pluto, e todas as outras características de Homogenic juntam-se para criar uma atmosfera raramente presenciada num álbum, uma sonoridade simplesmente encantadora. Um álbum essencial para qualquer amante de música; se só quiserem ouvir um álbum de Björk, que seja este.

    Para começar:
    - Jóga
    - Hunter
    - Immature
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Vespertine (2001)

    Depois de Selmasongs (soundtrack do filme Dancer in the Dark e um álbum interessante, especialmente para observar a transição de Homogenic até ao álbum seguinte), é lançado Vespertine, outra mudança de rumo, desviando-se da sonoridade do seu antecessor. Vespertine é um álbum mais íntimo, não no sentido da transparência da emoção de Homogenic mas no sentido mais sexual; Björk canta sobre amor de uma maneira que nunca o tinha feito. Tudo é mais detalhado: a batida não é única, mas sim a harmonia de vários pequenos sons (até mesmo sons tão simples como gelo a quebrar) e o choque entre as diferentes "microbatidas", que criam uma atmosfera aconchegante, refinada com a voz de Björk que está mais perto do que nunca, sussurrando até por vezes em canções como Cocoon e em It's Not Up To You, e o uso da harpa, dos instrumentos de cordas e da caixa de música. Vespertine é um álbum para os dias de inverno, quando está a chover lá fora mas estamos confortáveis no calor da nossa casa; um álbum que quanto mais lhe damos, mais ele retribui.

    Para começar:
    - Hidden Place
    - Pagan Poetry
    - It's Not Up to You

Ficamos assim a meio da carreira a solo de Björk, com muito do seu lado experimental ainda contido e 4 álbuns pela frente. Parte II em breve!

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