
Artista: Katy Perry
Data de lançamento: 9 de junho de 2017
Depois de Prism e do seu último single This Is How We Do, em 2014, Katy Perry desapareceu da luz da ribalta. Fez uma coisa ali, outra acolá, mas perde o protagonismo. Nestes três anos, a música pop deu uma bela reviravolta: definiram-se novas tendências, surgiram novos artistas que com apenas um single conseguiram dominar o mundo. E voltando com Witness, Katy tenta adaptar-se a esta mudança de rumo. Chama os suspeitos do costume Max Martin e Shellback para agradar ao top 40 da Billboard e o duo canadiano de electropop Purity Ring e elementos dos britânicos Hot Chip, da cena indie para expandir o seu alcance. Ora a senhora Perry acabou por ter mais olhos do que barriga: tirando talvez os singles já lançados, Witness tem falta de bons refrões e da catchiness pela qual é conhecida, o que não resultou em bons resultados nos charts (apenas o nº4 para Chained to the Rhythm; os outros dois singles nem ao top 40 da Billboard Hot 100 chegaram); e um dos grandes nomes da música indie, Sufjan Stevens, ridicularizou a música Déjà Vu no seu Tumblr (particularmente a parte "your words are like Chinese torture") escrevendo "LORD JESUS HAVE MERCY". Acho que se pode dizer que lhe saiu o tiro pela colatra: acabou por não agradar a ninguém.
O grande problema de Witness é mesmo este: querer ser tanto ao mesmo tempo. Quer ter uma random colaboração com um rapper para preencher o que ela sozinha não consegue preencher, muitas vezes estragando uma música que já é mediocre por si só; quer ter uma dúzia de temas feministas e fortalecedores; quer entrar nos estilos de música que vieram à tona enquanto Katy esteve adormecida (trap, EDM,...). No entanto, ao criar Witness, não percebeu que tudo o que fez para este álbum já foi feito/está a ser feito por artistas que o fazem melhor do que ela.
Witness salva-se apenas pela sua produção, com uma sonoridade atual e cativante, mas que ao longo dos aborrecidos 57 minutos da versão standard, é sobreposta pelas letras insípidas e sem inspiração. Os melhores exemplos disto são mesmo Power, com um instrumental mais arriscado mas com yet-another letra feminista de fortalecimento, igual às outras milhares que já por aí existem; e ainda Déjà Vu, que não tem um hook contagiante, não servindo para a rádio, nem um toque alternativo que a destaque, e, por isso, limita-se a repetir tortuosamente o seu refrão insípido. Katy chega mesmo ao ponto de em Swish Swish rimar "basket" com "casket", para depois cantar "your game is tired, you should retire". Esta música é outro exemplo de um bom instrumental arruinado pelos clichés de Perry (e surprise, surprise uma contribuição de Nicki Minaj) e uma declaração de guerra bem óbvia a Taylor Swift, que acaba por ter a sua resposta no dia de lançamento de Witness: Swift decide trazer de volta a sua música a serviços de streaming como Spotify e, assim, ofuscar o álbum de Perry.
Parece que o feitiço se virou contra a feiticeira, não foi? Parece que tudo estava tão bem planeado: o sucesso dos singles, novos fãs a seus pés, empurrar Swift para o abismo e ficar com toda a gente do lado dela. Mas com Witness, Katy Perry perde toda a relevância que ainda tinha: não faz nada de novo, e o que faz não é bom. Podem dizer "ela esforçou-se demais, foi isso, as pessoas não deram valor". Eu, sinceramente, acho que ela não se esforçou nada.
Músicas que se aproveitam:
- Power (instrumental)
- Witness
- Chained to the Rhythm
Nota: 2/5
(espero não estar a comprometer o futuro do blog ao falar da Katy Perry aqui)
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