Artista: Massive Attack
Data de lançamento: 20 de abril de 1998
Data de lançamento: 20 de abril de 1998
Para o
desentendido, e desde já, Trip Hop é um estilo musical cuja génese consta do
contexto cultural de Bristol, uma cidade no sul da Inglaterra, nas décadas de
80 e 90. É resultado de uma amálgama de elementos pertencentes a vários
géneros, entre os quais Hip Hop, Jazz e R&B.
Na mixórdia
cultural de Bristol estes elementos confluem trazendo à tona um grupo de seu
nome Massive Attack, então constituído por três membros mas, atualmente
constituído por Robert del Naja, também conhecido por 3D, e por Grantly
Marshall, ou Daddy G. Em 1991 chega então aos ouvidos do ouvinte a primeira
gema da banda, Blue Lines, um clássico do género, notório pelo seu vanguardismo
e, essencialmente pelos arrepios que fornece ao ser ouvido.
Avancemos
então para 1998. Após a ascensão e valorização do trip-hop na estratificação da
arte contemporânea, os Massive Attack demonstram, desta vez, o seu desejo de
inovar e reformular os fundamentos do género através do lançamento de
Mezzanine, uma obra que se estende por 63 minutos de luzes, sombras e
contrastes nunca antes ouvidos.
Música a
música, o álbum impressiona o ouvinte pela sua atmosfera. O instrumental, rico
em influências electrónicas e, ao contrário dos primordiais da banda, já não
tão virado para o Jazz, é responsável por nos mergulhar num mar escuro e
lúgubre, em que a aparente última réstia de esperança é cortesia dos vocais dos
convidados, como Elizabeth Fraser na célebre "Teardrop" ou Horace Andy em "Angel".
Todavia, não
se perceba o álbum apenas como escuridão. A atmosfera escura, apesar de se
prolongar por todo o álbum, não define por completo o seu carácter, servindo
também como o apoio para o desenvolvimento de temas como o amor, em "Angel" e "Teardrop", que são abordados de forma menos pessimista. Este contraste é uma excelente
afirmação de qualidade por parte do grupo, aliando a forma ao conteúdo.
É, por outro
lado, um álbum sustentado por simbologias e metáforas. Em "Inertia Creeps", o
sexo é tratado como, apenas, a interação entre dois egos. Em "Mezzanine", a
música que intitula o álbum, o grupo refere-se aos andares intermédios da vida,
que podem ser interpretados como os efeitos da droga ou qualquer outro estado
de ascensão espiritual (obviamente, esta interpretação cabe ao ouvinte). Na
célebre "Teardrop", a relação entre a paixão e a tristeza é retratada como apenas
uma lágrima no meio de uma grande chama ("Teardrop on the fire").
Não é um
álbum concebido para ser ouvido regularmente. Não foi, muito menos, concebido
para ser ouvido de ânimo leve. É um álbum que deve ser ouvido e apreciado
atentamente, fugindo aos cânones anteriormente definidos pelas outras obras do
género. Contudo, não se pense que é inacessível. Após ser ouvido algumas vezes,
é um álbum fácil de ser decifrado e percebido, não perdendo, no entanto, a sua magia.
Para quê
muitas mais palavras. Resta então dedicar algum tempo a esta masterpiece e
deixar que os Massive Attack nos absorvam e nos cativem, através de uma obra de
belo efeito cujo poder não se desvaneceu passados 19 anos.
Música
recomendadas:
- Angel;
- Dissolved Girl;
- Teardrop;
Nota:
clássico/5
TEARDROP♡☆♡
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